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RESENHA: Artigo: A Formação do Professor de Língua Estrangeira no Século XXI: entre as antigas pressões e os novos desafios de Luiz Carlos Balga Rodrigues

Este é um artigo que aborda um tema bastante importante e problemático no âmbito educacional, que com o atual cenário socioeconômico mundial, vem se evidenciando com cada vez mais frequência: A formação do Professor de Língua Estrangeira e os desafios em se ministrar a disciplina em escolas, tanto públicas, quanto particulares e até mesmo, escolas de curso livre. Luiz Carlos Balga Rodrigues é Professor Adjunto de Letras Francesas da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e busca, através de uma pesquisa qualitativa envolvendo professores recém-formados que estão encarando a realidade educacional brasileira no que se refere ao ensino de línguas estrangeiras, para explicitar e discutir com maior propriedade as questões levantadas no artigo que, por sua vez, foi dividido em três tópicos bastante relevantes. Rodrigues começa seu artigo apontando as mais diversas causas da má qualidade de ensino de Línguas Estrangeiras nas escolas brasileiras. Perante a soci

RESENHA: O Enigma de Kaspar Hauser de Werner Herzog

O Enigma de Kaspar Hauser, uma das mais famosas obras cinematográficas do diretor   Werner Herzog   (Alemanha, 1974), retrata a sôfrega realidade de um garoto que, desde a mais tenra infância, foi privado de qualquer interação social. Kaspar Hauser é, simplesmente, um nome próprio de origem alemã que foi incorporado ao título em português, uma vez que seu título original é: Jeder für sich und Gott gegen alle (Cada um por si e Deus contra todos, em tradução livre). Kaspar é mantido, durante muito tempo, acorrentado em um calabouço. O rapaz, passa a sua vida, até então, na companhia de um cavalinho de brinquedo e, o único contato humano que tem é com a figura de um misterioso senhor encapuzado, que o mantém nutrido através de pão e água. O garoto, por não ser exposto a nenhum tipo de estímulo, não desenvolve a fala e tampouco possui características comportamentais de um ser humano socializado. As únicas palavras que Kaspar reproduz são “Quero ser cavaleiro, igual ao meu pai”. O garot

RESENHA: Paideia: a formação do homem grego de Werner Jaeger

Paideia é uma das heranças intemporais que nos legou o mundo grego. O filólogo alemão Werner Jaeger busca através de uma de suas mais importantes obras, transpor a formação do Homem grego no tocante aos ideais helênicos. O autor retrata o tema com meticulosidade, condensando-o em um único, porém extenso, volume. A obra busca, em suas partes iniciais, elucidar alguns conceitos considerados essenciais para compreender melhor, através da ótica grega, os atributos da formação do homem helênico, tais como os de “Paideia”, “Nobreza” e “Arete”. Através de estudos feitos sobre os ideais de educação da Grécia Antiga, Jaeger analisou a interação entre o processo histórico de formação do homem grego e o processo espiritual, pelo qual estes elaboraram seu ideal de humanidade. Paideia, tal como os gregos a concebem, é um processo de educação em sua forma verdadeira e genuinamente humana, transmitida entre gerações, o que lhe confere certa perenidade. É um ensinamento do corpo e da mente, uma

Educação ou Adequação?

A transferência de conhecimentos entre gerações e a vivência em comunidade estiveram sempre presentes e supriam as instâncias do indivíduo sem a necessidade de uma maior sistematização do conhecimento. Embora a filosofia grega já tenha, milênios antes, destituído do papel da alfabetização, o caráter divino, pode-se notar, ainda assim, na Idade Média que, como delimitação de poder, criaram-se escolas, nas quais somente os “mais aptos”, em sua totalidade, religiosos, tinham o “dom” da transmissão do saber. Este caráter elitista escolar está presente na realidade do século XXI e é uma herança demarcada fortemente pela classe dominante que busca, através de uma falsa democratização do ensino, estabelecer monopólios. Essa escola igualitária, portanto, encontra-se idealmente situada em um território onde contextos históricos-sociais são irrelevantes, afinal todos que frequentam tal instituição tem acesso ao saber de forma padronizada. É através de discursos como este que mitos como o da m

Josué ninguém

Abafado pelo barulho estridente dos fogos de artifícios, fora o choro que, pela primeira vez se encontrara com os tóxicos, porém, necessários fragmentos de ar. Fragmentos estes que se adentraram àquele tão novato pulmão do pequenino que, segundos antes, nascera na sala de parto mal iluminada de número quatro. Veio a vida no único dia do ano em que se dá, formosamente, as boas vindas ao primeiro dia de um mês, mas por ter sido fruto de uma relação indesejada, Josué não fora, da mesma forma, cortejado. No pronto socorro de Santa Sofia o pequeno Josué veio a existência e após complicações no parto, fora entregue aos braços de sua mãe já fora do risco eminente que minutos antes corria. Eis a máxima da vez: Salvaram-no da morte, mas não o salvaram da vida. Após o período de dolorosa amamentação, enrolado em um lençol que já mal cheirava, encontrou-se Josué, enjaulado por quatro paredes de papelão e graças a sua mais inata habilidade fora encontrado, aos prantos, por uma senhora que pela

Menina

Menina, cabelos lisos, olhos curiosos, tão negros como a aura das almas ao seu redor. Dormia, tranquilamente, em seu colchão ao lado dos pais. Tinha medo do escuro, dizia: mal sabia que a escuridão que estava por vir.  A porta abriu-se lentamente, ouvia-se passos pelo corredor escuro e uma voz familiar cochichava palavras aflitas. Segundos depois a menina fora brutalmente acordada por um choro atravessado na garganta alheia: "Diga que é mentira, pelo amor de Deus”. Uma senhora de grandes óculos se aproximou: "Mamãe está nervosa, papai vai conversar com ela" disse a vovó em uma explicação sussurrante. A pequenina coçou os olhos sonolentos e abraçada a seu travesseiro, caminhou pelo chão gélido do corredor de sua casa, atravessou o quintal sem entender muito bem porque havia acordado antes mesmo do sol, que quase sempre, acordava antes dela. Era um dia cinzento em um quarto amarelado, Menina assistia desinteressadamente ao pica-pau, o desenho animado. Olhos verdes lac

Lucidez

Entrou Estevão em seu escritório – depois de ter, finalmente, almoçado volumosas quantias – para continuar o trabalho que postergara até então. Sentou-se em sua poltrona e – enquanto desfrouxava a incômoda gravata – começou a assoviar canções daquele tempo em que se encontrava com os colegas no tão movimentado barzinho da esquina. Os dias deste ano que se esticava lhe acometiam tremenda solidão: não havia se quer pisado em sua própria casa a tempo de jantar em companhia da esposa e filhos. Tirou o saque que mantinha em seu armário – especialmente para dias que, como aquele, lhe amargavam a existência – tomou dois goles diretamente do bico e depois de fazer uma cara que combinava com aquele dia, finalmente se sentou em frente a tela do computador. Ao passo do tempo, às 19 horas, esticou-se até ouvir das colunas, estalos em redenção. Levantou-se e se pôs a caminhar pelo silencioso escritório a fim de esvair-se do tédio paralisante que o cérebro lhe acometia após várias e várias ho